quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Análise da temporada: Yokohama F-Marinos

Um ano que começou melhor que o esperado mas terminou pior que o previsto.

O ataque do Marinos dependeu demais do Capitão Nakamura e sofreu pra fazer gols
Em 2010: 8º Lugar

Expectativa para 2011: Classificar-se para ACL

Resultado: Ruim – 5º lugar

Campanha: 16 vitórias, 8 empates e 10 derrotas, 46 gols marcados, 40 gols sofridos

Artilheiros: Masashi Oguro (10 gols), Kazuma Watanabe (7 gols), Shingo Hyodo (6 gols)


Yokohama F-Marinos começou a J-League 2011 com o objetivo de chegar entre os três primeiros e se classificar para a Liga dos Campeões da Ásia.Talvez fosse um objetivo otimista demais para um time que passou por uma grande renovação e não parecia ter elenco para competir com os favoritos Nagoya, Gamba e Kashima. Porém, assim que começou a temporada o técnico Kazushi Kimura já começou a colher os frutos de seu segundo ano de trabalho.

Enquanto os favoritos acima citados participavam da ACL e patinavam na J-League, o Tricolore despontava como um dos favoritos ao título nacional, e talvez o principal deles, já que as outras equipes que disputavam as primeiras posições – Kashiwa, Sendai, Kawasaki e Hiroshima – não inspiravam tanta confiança nem pareciam ter elencos bons o bastante para levantar a taça ao final das 34 rodadas.

Com o time jogando bem e ocupando as primeiras posições, a esperança dos torcedores se voltou para a conquista do título, enquanto a vaga na ACL parecia já bem encaminhada. Apesar disso, o Marinos sempre tropeçava quando surgia uma oportunidade de alcançar o topo da tabela. No confronto direto contra o líder Reysol, veio uma incontestável derrota por 0×2 em pleno Nissan Stadium. A tão perseguida liderança só foi atingida depois de 17 jogos.

Kimura começou a temporada no 4-4-2 tradicional…
O Yokohama ficou com o “título simbólico” do primeiro turno, ao mesmo tempo em que o Reysol passava por uma fase difícil e dava sinais de que cairia na tabela. Quando os dois voltaram a se enfrentar, desta vez em Kashiwa, era o Yokohama quem era (mais uma vez) o favorito. Mas a história se repetiu e os futuros campeões venceram novamente por 2×0. Essa partida aconteceu logo após a morte de Naoki Matsuda, ex-zagueiro do Marinos que sofreu um ataque cardiorrespiratório enquanto treinava no Matsumoto Yamaga. Coincidentemente, foi aí que começou a queda do tricolor na temporada. A primeira posição foi perdida após três rodadas e nunca mais recuperada.

O time vinha se destacando mais pela eficiência de conseguir vitórias apertadas mesmo quando não jogava bem – 12 de suas 16 vitórias foram por um gol de diferença. Continuou brigando no topo da tabela junto com Kashiwa, Nagoya e Gamba, mas foi o primeiro dos quatro a dar adeus ao título. A vaga na ACL logo foi embora também. Com apenas uma vitória nos últimos nove jogos e sem vencer em casa desde agosto, o Marinos terminou a J-League de forma melancólica, em quinto lugar.

Kimura o grande culpado do fim trágico de 2011, sempre repetindo as mesmas formações com os mesmo jogadores durante todo o ano...com isso o time se desgastou muito a partir do segundo semestre, e não teve a parada do verão japonês por causa do Tsunami.

A defesa, que quase chegou a ser a melhor da liga, ficou irreconhecível no segundo semestre e não passava mais segurança nenhuma. Até mesmo o veterano Nakazawa cometia falhas. Kurihara, então, nem se fala. O volante Ogura que foi ate candidato a MVP foi outro que teve uma enorme queda de produção. Apesar disso, a defesa ainda terminou como a terceira melhor. Um dos pontos positivos foi o goleiro Iikura, também candidato a MVP que fez um ótimo campeonato e cometeu poucas falhas.

Devido aos maus resultados, o técnico Kimura foi cada vez mais contestado por suas decisões um tanto peculiares. O volante Hiroyuki Taniguchi foi transformado de repente em um meia ofensivo quando Kimura passou a usar um meio-campo em losango no seu 4-4-2. O camisa 29 chegou a jogar até no ataque – é claro, sem ser tão efetivo quanto seu treinador esperava. O zagueiro Kim Kun-Hoan participou de 30 dos 34 jogos, mas todos como substituto e sempre como atacante – a ideia era explorar os 1,93 m do grandalhão sul-coreano. Seu desempenho foi no máximo razoável (3 gols e 2 assistências).

O ataque, inclusive, era onde o treinador mais mexia. Entre Ono (4 gols e 4 assistências), Oguro (10 gols) e Watanabe (7 gols e 4 assistências) nunca se sabia quem seriam os dois titulares, também pela inconsistência que os três mostravam na hora de finalizar. As maiores reclamações vinham quando Yuji Ono, o habilidoso e promissor atacante de 19 anos, era deixado no banco.

…mas logo mudou para um meio-campo em losango, que utilizou até praticamente o final
Kimura parecia acreditar que mudar os dois atacantes era sempre a melhor solução. Quando o Marinos precisava marcar um gol, o que o treinador fazia? Trocava os dois atacantes. Até o meia Hasegawa ganhou algumas chances na linha de frente. Mas os gols custavam a sair, e o ataque foi só o nono melhor da liga. O time dependeu demais do capitão Shunsuke Nakamura (4 gols e 8 assistências) e sentiu sua ausência em algumas partidas importantes que ele perdeu por Lesão. Kenta Kano, na teoria o seu substituto, quase não ganhou chances de jogar.

Por essas e outras, a torcida perdeu a paciência e vaiou como nunca o seu técnico após a última partida da temporada, uma traumática eliminação em casa na semifinal da Copa do Imperador, contra o Kyoto Sanga, na prorrogação – o que era também a última esperança de uma classificação para a Liga dos Campeões. Kimura estava demitido no dia seguinte. O presidente Akira Kaetsu, também alvo de muitas vaias, havia prometido que renunciaria se o time não se classificasse para a ACL, mas não cumpriu o prometido mesmo com os protestos dos torcedores. Ao invés disso, ele decidiu cortar seu salário pela metade. A média de público foi a terceira melhor da liga (21.038), mas bem abaixo dos padrões do clube, com uma queda de mais de 3 mil em relação ao ano anterior.

A campanha na Copa do Imperador foi até boa, com vitórias sobre Kamatamare Sanuki (3×1), Tochigi SC (3×0), Matsumoto Yamaga (4×0) e Nagoya Grampus (4×3 nos pênaltis depois de um 0×0 no tempo normal). Porém, ao derrotar o Nagoya e assumir o status de favorito, o Yokohama caiu logo na partida seguinte, eliminado pelo Kyoto Sanga por 4×2, e viu duas equipes da segunda divisão disputarem a final. Na Copa Nabisco, o Marinos só chegou nas quartas de final. Passou por Vissel Kobe (1×1 e 2×1) e Kawasaki Frontale (4×0 e 2×3), mas perdeu para o eventual campeão Kashima por 3×2 (fez 2×0 e sofreu a virada), quando o torneio passou a ser em jogo único.

2011 foi um ano de fortes emoções para o torcedor do Marinos, que vibrou com o time no primeiro semestre e a possibilidade de voltar a conquistar um título que não vem desde 2004, mas também se decepcionou com a anormal queda de produção da equipe no segundo semestre e por mais uma vez ter terminado o ano de mãos vazias. O novo técnico é Yasuhiro Higuchi, que era o auxiliar de 1999 a 2005 e saiu pra treinar outros clubes e retornou em 2010 como auxiliar de Kimura e que também jogou no Yokohama na era do Nissan Motors. Será que a aposta em um treinador prata da casa dará certo desta vez?

Méritos a Tiago Bontempo

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